Oposição ao DCE...
Contra a Reforma Universitária Privatizante
Em Defesa da UnB
Somos oposição à atual gestão do DCE e da UNE, que esqueceram seu passado de lutas, perderam sua independência e são defensores dessa reforma universitária, que aprofunda de forma irreversível o desmonte da universidade pública.
Somos oposição a essa gestão de DCE, sobretudo, por suas práticas políticas antidemocráticas e despolitizadoras , desmoralizando o movimento estudantil e seus espaços.
Não é à toa que, em todos os semestres, disciplinas importantes deixam de ser ofertadas na UnB: faltam mais de 300 professores. Por conta da falta de verba nos departamentos os projetos de pesquisa e extensão ficam comprometidos, muitos laboratórios e equipamentos estão defasados e sem condições de uso e as pesquisas de campo vão deixando de existir. Poucos estudantes conseguem as bolsas de pesquisa que inclusive possuem valor muito abaixo do necessário. E para completar, a falta de segurança e a má iluminação do campus do plano piloto só favorecem os ladrões de carro e os estupros. Nesse semestre também acompanhamos a situação precária do hospital universitário de Brasília (HUB), que gerou a paralisação da pediatria e da emergência do hospital por alguns dias, prejudicando a população e os estudantes da Faculdade de Saúde.
Ficamos indignados com a forma como a reitoria trata a assistência estudantil: a casa do estudante da UnB (CEU) está completamente abandonada, a prova disso é o atentado contra os africanos (a reitoria se omitiu em relação aos problemas de convivência da casa dos estudantes e de outros casos de racismo na universidade); o número de bolsas permanência é muito pequeno; o RU não abre nos finais de semana e por ai vai.
A situação do campus de Planaltina é catastrófica. Não existe um plano diretor para o campus até hoje e a conseqüência desse fato é que a UnB Planaltina a partir de 2008 não poderá comportar mais estudantes. Sem contar que desde de sua criação o número de inscritos para o vestibular só está diminuindo, demonstrando que não houve nenhum diálogo com a população de Planaltina sobre os cursos que seriam oferecidos nesse campus. No primeiro vestibular de 2007 o problema ficou evidente, só 12 vagas das 40 foram preenchidas para o curso de ciências naturais.
O quadro é assustador, os cortes de verbas para a educação são de 4,1 bilhões desde 2003. E para piorar a situação vem aí a Reforma Universitária e a Universidade Nova.
Estes PL’s têm a clara intenção de diluir a fronteira entre o público e o privado, transformando a educação em um serviço e não mais em um direito. Para as federais, não há nenhuma garantia de aumento do orçamento, as propostas de percentual de verbas para o financiamento das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e para a Assistência Estudantil não ampliam os repasses de dinheiro de fato, mantendo-se insuficientes. Pela primeira vez na história do país é oficializada a participação do capital estrangeiro em instituições de ensino superior. Enquanto isso, o Ensino à Distância é implementado como meio principal de expansão de vagas (a UnB oferece cursos de artes cênicas, música, artes plásticas, biologia e química a distância).
Para combater essa Reforma Universitária privatizante, foi criada no dia 26 de março em São Paulo capital a Frente Nacional de Luta Contra a Reforma Universitária, reunindo mais de 1500 pessoas de todo o país. Mais de 200 entidades entre executivas de curso, DCE’s e CA’s constroem a Frente. Em Brasília existe o Comitê de Luta Contra a Reforma Universitária, encabeçado pela oposição do DCE-UnB, ADUnB, servidores da UnB e estudantes de outras faculdades.
A Reforma Universitária não é um projeto isolado, faz parte da aplicação de uma agenda neoliberal para o Brasil, sendo acompanhada de várias reformas estruturais que tem como objetivo fortalecer o crescimento do setor privado e do capital financeiro em detrimento dos direitos trabalhistas e das condições salariais e de trabalho do povo brasileiro. Podemos citar a reforma trabalhista, sindical, previdenciária, tributaria e mais recentemente o PAC que estabelece 10 anos de arrocho salarial para os servidores públicos, dentre eles os professores e os técnicos-administrativos das instituições federais de ensino superior (IFES).
A meta é dobrar o número de estudantes na graduação presencial, sem a contratação adicional de professores e funcionários, levando a uma precarização ainda maior das condições de ensino e trabalho docente. O plano da reitoria é que já em 2008 entre em vigor a Universidade Nova na UnB.
As gestões anteriores do DCE deixaram muito a desejar. Mas a atual gestão retrocede. A gestão “Paratodos” é a mais antidemocrática que a UnB já viu. Conseguiu a triste façanha de deixar o DCE mais de 7 meses de portas completamente fechadas e agora, as poucas vezes que está aberto é por causa – Pasmem! – de bolsistas pagos pela reitoria. A gestão “Paratodos” demorou 8 meses para enviar a lista dos novos representantes discentes dos conselhos superiores da UnB. Deixar o DCE de portas fechadas e esvaziar os fóruns do movimento estudantil é a maneira que eles acharam para tentar desmobilizar os estudantes, no momento em que acontecem várias discussões sobre reforma universitária.
Da incompetência à intransigência, coordenadores do DCE passaram, também, à violência. Quando um estudante entregou a coordenadores do DCE uma charge com uma crítica política, foi respondido com socos e golpes de garrafa. O resultado: 80 pontos nas costas.
Ao invés de uma gestão que promova assembléias, debates, seminários, atos, mobilizações, campanhas...Temos uma gestão que apenas terceiriza suas festas. Os estudantes que votaram neles foram abandonados e com certeza estão decepcionados. A atual gestão do DCE virou as costas para os estudantes e para a UnB!
No início do semestre tivemos várias atividades, entre elas: a semana de luta contra a reforma universitária, construída pela oposição ao DCE-UnB em conjunto com a associação de docentes da UnB (ADUnB) e técnicos-administrativos; diversos CA’s organizaram atividades e debates sobre a reforma universitária; os CA’s também foram responsáveis por convocar a única assembléia estudantil em dois semestres; e os estudantes organizaram, em conjunto com o movimento negro, um ato com mais de mil pessoas repudiando o atentado contra os africanos e pedindo melhorias para CEU. Por causa das mobilizações, os moradores da casa do estudante e o movimento negro obtiveram conquistas importantes, obrigando a reitoria a intensificar suas políticas contra o racismo na UnB, atender a reivindicação antiga de reformar a CEU e cumprir o termo de compromisso, assinado em 2005 após a ocupação da reitoria, aumentando a bolsa permanência para 300,00 reais. É necessária a unificação de todos os estudantes na luta pela universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada. Convocamos todos os estudantes para construir um novo movimento estudantil, independente do governo e da reitoria, lutador e radicalmente democrático.
Nenhum comentário:
Postar um comentário